quinta-feira, 30 de setembro de 2010

REFLEXÕES II

SÃO LEOPOLDO, 30 DE SETEMBRO DE 2010.

REFLEXÕES SOBRE O SEGUNDO SEMESTRE:

No segundo semestre estudamos a história da Educação. Estudamos o Manifesto dos Pioneiros e sua importância para o desenvolvimento da Educação no país.

A Educação traduz uma filosofia de vida e produz estrutura social. A educação nova é uma reação categórica, intencional e sistemática ante a velha estrutura. Educação não mais como um privilégio de classe, mas assumindo seu papel deverá reconhecer os indivíduos além dos limites de classe. Assume feições mais humanas.

A Educação Nova não deve servir aos interesses de classe, mas aos interesses dos indivíduos.

Os pioneiros reivindicam uma Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional a qual só será aprovada em 1961 – a lei 4024/61 – cujo principal Deputado Federal, articulador de sua aprovação, foi Gustavo Capanema – ministro da Educação do governo Vargas durante todo o Estado Novo.

Vimos no filme “A invenção da infância” casos sérios e extremos que envolvem a maioria da nossa população pobre, com crianças exploradas e sem infância.Todas as crianças têm direito a infância, porém isto não acontece, como pode ser visto, claramente, no filme e nas ruas por onde se anda.

...”no fato de haver uma maioria de adultos que defende que o melhor para as crianças é que seus pais assumam a maior quota de responsabilidades por elas ao mesmo tempo que as condições estruturais para o fazer são reduzidas”...

“...no fato de os adultos concordarem em geral que as crianças devem ser educadas para a liberdade e a democracia, ao mesmo tempo que a organização social dos serviços para a infância assenta geralmente, no controle e na disciplina...”

Este paradoxo me parece muito paradoxo!

O que significa liberdade? Qual a definição de democracia? Até que limite refere-se o controle? O que leva à disciplina? Existem muitos fatores a serem refletidos para avaliar as contradições estabelecidas neste paradoxo. Quando no início do ano eu discuto com a minha turma o que eles acham que devem constar como regras, leis, normas a serem seguidas para o funcionamento organizado de nossas práticas na escola estamos delimitando espaços. Quando , ao final do mês, reavaliamos estas regras e adaptamos ao novo período, estamos controlando e disciplinando a nossa liberdade, para que possamos conviver no grupo de maneira respeitosa e integrada.

Pessoalmente não acredito em liberdade e democracia sem controle e disciplina. Estarei equivocada?

Ao estudar a Maquinaria, aprofundamos nossos conhecimentos sobre a escola.

Para mostrar como e quando se deu a criação da escola primária, e quais os interesses políticos e ideológicos que estiveram envolvidos no momento de sua criação. Para fazer isso, os autores discutem a invenção da infância, a criação de um espaço específico destinado à educação das crianças, o aparecimento desse corpo de especialistas chamados de professores, o combate a outros modos de educação existentes na sociedade, possibilitando finalmente que a escola se institucionalize como instância obrigatória mantida pelos poderes públicos.

Esta abordagem trata da criança como ser social que surgiu como definição recentemente pelos fazeres da família e da educação.

Trata também do isolamento da criança em espaços específicos e períodos restritos chamados de escolarização.

Fala também na necessidade do surgimento de pedagogias e especialistas que através dos seus saberes tornam mais produtivas as ações educativas, com conhecimento e capacidade para “estimular e normalizar” os estudantes.

Eles concluem que a escola serve como maneira de controlar, subordinar e civilizar a população, usando como base o direito de educação para todos..

A educação era baseada na troca de experiências entre os adultos e o contato direto destes adultos com as crianças numa relação de apoio. Esta forma de educação era mais livre, humana, e era uma forma de preservar a cultura, os usos e costumes e a tradição.

O surgimento da escola deu-se a partir da necessidade do isolamento das crianças e separação por idade, por sexo e por classe social, estabelecendo um currículo único.Esta forma de educação favorece a manipulação das massas pelo poder.

O professor precisa ter paixão pelo seu trabalho e dar o seu melhor. Nossa profissão é muito desgastante e exige dedicação. Para trabalhar com as crianças preciso usar do amor, paciência, alegria e entusiasmo, para apoiar, estimular e motivar os alunos a buscar as respostas aos seus conflitos.

O discernimento favorece ao uso do seu poder de influência, valorizando o seu lado profissional e abastecendo-se de novos saberes.

A escola ainda deve ser o lugar onde as classes populares possam aprender conhecimentos. Os conteúdos ensinados na escola tanto necessitam manter relações com a vida do aluno como o aluno precisa aprender sobre a história da humanidade.

Lembro-me de todas as minhas professoras do primeiro ano ao quinto ano. Estudei até a oitava série em escola estadual e passei por duas re-formas durante minha vida estudantil. Sempre olhei minhas professoras como monopolizadoras de todo saber. Sempre andávamos em fila e não questionávamos decisões. A escola era uma instituição sacro-respeitada. Havia o castigo e a punição. Um pouco disto era o reflexo de um período de mesa farta, mas submissão pela repressão imposta. Lembro o valor da garantia do emprego assalariado e da aquisição da casa própria.

Como professora sempre trabalhei em escolas de zonas periféricas e por isso comunidades pobres.

Depois de tantos anos trabalhando reciclei minha maneira de agir e tive a oportunidade de rever meus conceitos.

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