Domingo, Abril 04, 2010

:: PRIMEIRAS CONCLUSÕES TEÓRICAS


Reflexões sobre a teoria:


Para assegurar o desenvolvimento das potencialidades dos alunos é fundamental que a ação educativa se baseie em uma orientação metodológica, onde sejam definidos os objetivos de ensino, a organização do trabalho pedagógico, o tipo de resultados que se quer e, que, se conheça a realidade sóciocultural dos mesmos. As crianças precisam participar de situações de aprendizagem. A avaliação e o planejamento são fatores determinantes para a consolidação desta prática. A avaliação diagnóstica mostra o perfil da turma e suas necessidades. O planejamento pedagógico deve ser elaborado a partir da interação entre a proposta de ensino e os sujeitos da aprendizagem.

O aprendizado da linguagem escrita desde a mais tenra idade, se constitui numa ferramenta fundamental para assegurar às crianças, como atores sociais que são, sua inclusão na sociedade contemporânea. A criança se relaciona com esta sociedade mediatizada pela escrita, ressignificando essa sociedade e esse objeto do conhecimento. A apropriação da escrita se constitui em um instrumento de inserção cultural e social nesta sociedade grafocêntrica.

A infância é o resultado de uma construção paulatina das sociedades moderna e contemporânea, identificada como um estado diferenciado em que admite-se a especificidade que a constitui como uma das fases da vida humana. Sob influência da Psicologia e sem os olhares conceituais e metodológicos de outras áreas do saber científico, a infância foi compreendida como um fenômeno relacionada à vivência cronológica, cuja lógica e estrutura se pautavam pelos aspectos ligados à natureza. Estudos da Psicologia concederam pouca relevância à cultura na construção da infância. As investigações de Piaget tinham como objetivo principal investigar sua gênese e seu processo de construção analisando como o indivíduo dá sentido ao mundo compreendido. A centralidade de sua investigação era o indivíduo e não os aspectos presentes no mundo social nem tão pouco a forma como esse mundo exerce influência no desenvolvimento mental da criança. A centralidade da interação da criança com o mundo físico implicou em uma compreensão da infância como um universo isolado. Ao tratar de estabelecer o quê, o quando e o como , ocorreu uma artificialização da cultura e do seu acesso. Esse patrimônio cultural foi transformado em um conjunto de signos e símbolos organizado a partir da idéia que o adulto possui da infância e de seu universo simbólico. Vygotsky ressaltou a importância da interação entre as condições sociais e a base do comportamento humano como elementos fundamentais para sua teoria sobre o desenvolvimento. Ao nascer, os seres humanos dão respostas adaptativas por meio de estruturas mentais denominadas elementares, tais como: os reflexos condicionados, as reações automatizadas, os processos de associação simples, elaboradas principalmente por determinantes biológicos. O elemento central que faz com que as chamadas estruturas elementares de bases biológicas se sigam outras chamadas superiores é o uso de signos ou de outros instrumentos psicológicos. Atribuir sentido a um objeto é uma condição dada culturalmente, assim como também o é a capacidade de transmitir a outras gerações esses significados. Esta capacidade de usar signos sofreu mudanças ao longo da história da humanidade. A primeira delas é que os signos vão se transformando em processos internos de mediação. Ao longo do processo de desenvolvimento o indivíduo substitui as marcas externas e passa a utilizar signos internos, ou seja, representações mentais que substituem os objetos do mundo real. A segunda transformação é a organização dos símbolos em estruturas complexas e articuladas. Os sistemas como a linguagem, a escrita, o sistema de números, são criações da sociedade ao longo da história humana, modificando a forma social e o nível de desenvolvimento cultural dessa sociedade.A aquisição do sistema de escrita adquire uma relevância estrutural para o indivíduo que passa a dominá-lo.

De acordo com Vygotsky (2000) as crianças menores são capazes de descobrir a função simbólica da escrita, desde que seu significado seja relevante a vida e que seu aprendizado seja através de situações de brincadeiras.

É na interrelação com as outras culturas que a cultura infantil se constitui. O sistema de escrita do universo adulto exerce inflência nesta cultura. Sua tomada de consciência desse mundo ocorre por meio da ação e pela atividade lúdica.

"O jogo contem todas as tendências evolutivas de forma condensada, sendo em si mesmo, uma considerável forma de desenvolvimento" ( Vygotsky,2000; 156).

Na infância a aprendizagem da leitura e da escrita deve levar em conta que ao se apropriar desta tecnologia a criança vai se tornando usuário desse sistema, reconstruindo as bases do sistema de escrita, formulando hipóteses de interagir com os signos e símbolos veiculados socialmente, considerando que a sociedade contemporânea grafocêntrica tem nesta linguagem um bem cultural e que sua "apropriação" (Ferreiro, 2003) é uma forma de inclusão.
Com todas estas leituras vou encaminhar meu projeto envolvendo as aprendizagens em muitas brincadeiras e jogos para ir de encontro ao que a teoria apresenta e conseguir alfabetizar e letrar minha turma de segundo ano.

Bibliografia:
Ariés, P. História social da criança e da família.2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
Ferreiro, E & Teberosky,A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
Oliveira, M.K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento. Um processo histórico. São Paulo: Scipione, 1997.


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